quarta-feira, 30 de março de 2011

Eu tenho saudades de vc!


Mas agora estou bem mais madura.

Eu retenho a minha vontade de ir lá, no seu portão.

Eu nem sequer olhei mais dentro dos teus olhos, no último ano.

Isso sim é vitória.

Eu repito mantras mentais de autocontrole “enterrar os mortos, cuidar dos vivos, fechar os portos.”

Eu olho para as faltas que tenho e ainda te vejo como capaz de preencher.

Mas me puxo à realidade e entendo, que você não faz bem para mim.

Eu ainda sinto saudades de você!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Estranhos

Estranhos.

Na verdades olhos estranhos e de estranho.

É como somos sem saber ler.

Tudo é simbólico, a gente se confunde, relaciona palavras com imagens, muitas vezes se engana.

Ler! - que sede eu tinha.

Talvez fosse culpa do pai.Ele sem perceber me instigou a querer ler.

Chegava cansado da empresa, operário de produção, meio engraxado, nem bem abria a porta de casa e eu me grudava no pescoço dele perguntando se ele ia me contar uma história hoje.

Ele prometia,mas depois de tomar banho, jantar etc.

Eu enchia o saco.

Tanto que ele contava várias estórias e histórias, e cansava.

E como eu não me contentava, ele dizia que tudo seria resolvido assim que eu aprendesse a ler.

Eu esperava por esse dia.Quando meu problema de curiosidade em decifrar os textos seria resolvido.

Não me esqueço nunca da emoção que senti, quando pela primeira vez sem ajuda de um

adulto, consegui ler num gibi da Mônica "PAS-SA-TEM-...PO....PASSA-TEMPO...PASSATEMPO!...é PASSATEMPO MÃE??? Tá escrito passatempo aqui???"

-Sim filha, passatempo!

Nossa! Explodi de felicidade, olhei pr’aquela palavra e eis que fazia sentido, sim,

logo abaixo tinha um passatempo, que eu já havia completado, mas que desconhecia estar escrito ao título "Passatempo".

Dali em diante, que alegria reconhecer as palavras.

Nos muros, muitos vezes, que emoção - "PU----TA....PUTA!....Mãe, ali tá escrito puta???" – isso dentro de um Visatão lotado.

-Fica quieta guria, tá escrito sim...Fala baixo, o que os outros vão pensar?

E assim prossegui lendo jornais, livros da escola, bulas de remédios,rótulos de produtos de limpeza, revistas que achava pela frente.

Foi bom.

Fiquei contando para as pessoas por mais de um mês “Sei ler, sabia!?”. Talvez eu estivesse dizendo “Agora cuidado comigo!Agora eu to sabendo das coisas!”

Depois de um tempo, tornou-se tão prazeroso ler com fluência, sem precisar sequer se esforçar.

Senti que dominava a arte.

Adolescente, lembro que quis morar com os avós.

Os pais tinham se separado quando eu tinha 5 anos.

Na casa dos avôs eu tinha mais arrego.

Eu gostava de história, geografia,notícias do mundo.Na semana do 11 de setembro de 2001 convenci meu vô a assinar o Pioneiro.

Era muita coisa pra ler todos os dias para eles.

Meus avôs tem o primário.

Pediam para que eu lesse.

Eu lia.

“O que quer dizer isso filho?” – minha avó me chama de filho, no masculino mesmo.É desde que minha mãe estava grávida.Eles pensavam que eu seria um guri.Quero deixar claro que isso não me influencia em nada na preferência sexual.

Eu traduzia para eles. E se não entendia, me sentia na obrigação de buscar saber e explicar.Isso me ensinou interpretar melhor as coisas. Eu precisava criticar o que lia e passar isso aos meus avós.

Vi o lado social da comunicação. O lado de informar pessoas humildes. Senti paixão na profissão dos jornalistas.Em alguns jornalistas. Criei o costume de ler jornais do mundo na internet – na época, eram bem precários.

Eu fazia isso, no curso de informática, porque eu não tinha internet em casa.

Mas o tempo me mostrou que precisava aprender mais.

Inglês.

Não estudei quando era criança.

Minha mãe não tinha grana.Eu nem sabia que ia precisar.Acho que nem eles desconfiavam.

Só sabia que adorava aquelas músicas que não sabia cantar.

E que odiava errar a pronúncia.

Lá no fundo, morria de vontade de aprender.

E agora que vou às aulas, sinto a mesma "dor" que sentia quando não sabia ler ainda criança.

Aquela sede de saber e de chegar logo naquele ponto onde ler é igual a respirar e que a gente não precisa nem fazer força.

Aquela novidade que faz exultar quando o texto faz sentido, aquela irritação que principia quando não entendemos, quando o cérebro demora para apreender, conectar, conceber.

Nessa mesma linha de raciocínio,meu olho brilhou quando minha filha de 3 anos, a Paola,pediu pra eu ler 5 livretos infantis sobre educação no trânsito semana passada– um atrás do outro,apaixonada pelo enredo!

A emoção do texto passeava no rosto dela, tristeza, preocupação, felicidade, e às conclusões, me orgulhei em vê-la a relacionar idéias novas “mãe, então vamos fazer assim...eu vou contar pra minha profe...”

Eu lembrei de novo daquela sensação de aprender.

Eu lembrei da Sônia.



A Sônia, que trabalhou com o Davi, na praia...



Pensando assim, me parece que todas as pessoas são muito iguais...

terça-feira, 15 de março de 2011

tudo

tudo morre!

Menos vc de mim, todas as noites!