sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tudo é uma questão filosófica

Reflexões sobre o Filme Ponto de Mutação:





Considerei muito pertinente da parte da professora ter colocado a tarefa de escrever nossas impressões sobre o filme e entregar somente uma semana depois de tê-lo assistido. Acredito que as reflexões que o filme provoca são muito amplas, abrangem muitos campos do conhecimento e certamente não seriam colocadas como devido se escritas imediatamente após assistirmos.



Ao observar a discussão entre o poeta, a cientista e o político é possível identificar três perfis de pessoas que possuem uma posição diante da vida. E é possível observar de modo implícito o perfil da grande maioria das pessoas: os que não se encaixam em nenhum dos perfis dos personagens e que vivem suas vidas normalmente sem se preocupar com as questões que envolvem sua própria existência.

Como expectadora, não posso negar que o tempo inteiro ao longo das discussões senti constrangimento, pois tudo o que se diz sobre a existência humana, sobre tecnologia, sobre alimentação, enfim, sobre tudo que somos e implicamos me faz ver o quanto tudo isto é evidente e mesmo assim ignorado diariamente.

A trajetória do filme faz admitirmos que estamos concentrados demais em nossas próprias vidas e nossas tarefas que nos tornamos incapazes de reconhecer a seriedade do mal que causamos ao nosso planeta, a nós mesmos.

A reflexão é um momento de encontro consigo mesmo e de questionamentos sobre o que estamos fazendo na nossa vida e o quê estamos fazendo com o conhecimento que temos.

Em alguns momentos pude concluir comigo mesma: “Meu Deus!Eu sou mesquinha!Ignoro tudo isso! Sei de tudo e faço quase nada: sou negligente!”

Enumerar as perguntas que surgem à mente durante o filme é construir uma lista extensa que abrange de conceitos éticos particulares a universais.

Faz-nos admitir que usamos o princípio da remediação para resolvermos nossos problemas quando evitaríamos muito desgaste de recursos se tão somente tivéssemos a capacidade de usarmos um bom planejamento.

Faz-nos perceber que aquilo que louvamos como ápice da ciência têm sido muitas vezes esdrúxulo desperdício de recursos que poderiam ser aplicados para salvar e melhorar as vidas de quem teve menos sorte.

O filme todo para mim foi um processo de questionamentos sobre o que eu represento para o local onde vivo e para o planeta.

Sempre pensamos na nossa cidade, na nossa empresa, no nosso bairro, na nossa família. Mas todos os dias nossos anseios consumistas nos impedem de perceber a sociedade e suas reais necessidades. Somos parte da sociedade de consumo, tudo o que desejamos está ligado à velocidade, à precisão de movimentos.

Ainda que não saibamos conceituar o modelo mecanicista ou o método que Descartes difundiu, a idéia de setorizar o conhecimento limitou demais nossa visão, de modo que temos dificuldade em compreender os reflexos do que fazemos.

Já ouvimos tantas vezes que somos apenas uma poeira no espaço, que acabamos ignorando a responsabilidade que temos para com o mundo e o quanto nossas ações refletem na condição atual e futura desse planeta e de seus habitantes.

Me levou aos ensinamentos da minha avó que mesmo sem ter estudado replica os netos com o dizer: “Estudar pra quê, se jogas o lixo no chão?”

Uma das muitas conclusões que pude ter é que todas as coisas estão relacionadas, que o conhecimento é único.

Os comediantes têm razão quando afirmam que “tudo é uma questão filosófica”.





Estudar para quê, se não somos capazes de colocar o lixo na lixeira?

Estudar para quê, se não somos mais capazes de sermos gentis com as pessoas?

Estudar para quê, se temos vergonha de parecer caretas ao ajudar um idoso a atravessar a rua?

Estudar para quê, se somos incapazes de nos oferecer para levar a sacola de uma mãe, ou se achamos engraçado quando alguém se machuca?

Estudar para quê, se o conhecimento que produzimos polui a terra, a água e o ar, se contaminamos nosso alimento, se embrutecemos?

Vale a pena estudar sim, se aquilo que aprendemos for usado para cuidar das pessoas e da Terra.